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AGORA A APAE NÃO SERVE MAIS... TEXTO PARA REFLEXÃO

Apae

22/06/2010

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Agora a APAE não serve mais

Trabalho na Escola Especial Alegria de Viver mantida pela APAE de Camboriú, Santa Catarina, há quatro anos. Tenho aprendido muita coisa com meus alunos e com a experiência nesta escola, mas aprendi principalmente a ter dignidade no exercício da profissão de pedagoga. Para quem trabalha com estas pessoas diferentes e convive com seus problemas e com suas conquistas, é muito difícil ouvir e ler que a Escola Especial segrega. E é sobre isso que gostaria de falar e desabafar.

Todos os dias vemos nos noticiários e comerciais de TV, nos jornais, em todos os meios de comunicação, alguém falando sobre inclusão. Acho essa palavra perigosa, porque muitos a usam sem saber seu verdadeiro significado, por modismo, para justificar teses construídas pelo intelectualismo sem vida de quem nunca conviveu com a realidade destas pessoas; enfim usam a inclusão porque depois de muito tempo de abandono a causa dos portadores de necessidades especiais precisa de heróis que garantam direitos iguais para todos.

Pois bem, a APAE já está há 50 anos lutando para garantir aos seus alunos das escolas especiais o direito a cidadania. Quando a sociedade (aqui eu falo de toda sociedade: poder público, pais, profissionais, ...) abandonou, segregou, excluiu, esqueceu, marginalizou os excepcionais, a APAE acolheu, cuidou, educou, atendeu, ouviu, amou(...)

A APAE mantém-se através de doações, campanhas e alguns benefícios assistenciais, e por todos estes anos supriu uma lacuna deixada pelos órgãos públicos na educação de pessoas portadoras de necessidades especiais. Agora, a APAE não serve mais...

Quando ninguém ouvia falar em inclusão, a APAE já brigava por espaço com seus educandos. E isso não sou eu que digo, são os próprios alunos. Porque, não sei se todos sabem, na APAE todos têm direito a se expressar (ao contrário de quem segrega). Um exemplo disso foi o discurso do auto-defensor de Santa Catarina, no XI Congresso Estadual da APAEs em Joinvile, no ano de 2004: após contar como foi sua luta (apoiada pela instituição) para conseguir espaço no mercado de trabalho, finalizou dizendo: ai de nós se não fosse a APAE. Isso não parece discurso de quem foi segregado pela escola especial. Mas agora, hoje, para quem discursa de fora deste contexto, a APAE já não serve mais...

(...) Enquanto estes mesmos intelectuais discutem a melhor nomenclatura para tratar nossos educandos (digo nossos, porque são nossos alunos, das escolas especiais das APAEs), a APAE trabalha para dar oportunidade, diminuir barreiras, encontrar meios para uma educação mais eficaz, mostrar a sociedade que todos tem capacidade, garantir matrícula para seus educandos nas escolas regulares (sim, porque muitos dos nossos alunos recebem um não há vaga nas escolas de ensino regular, e não é pelo excesso de alunos, é uma maneira disfarçada de dizer não o queremos aqui; seria um problema; não somos capazes de conviver com você, com suas limitações).

Enquanto muitos que estão no comando de nosso país preocupam-se em mostrar uma realidade que não existe nas escolas, nós da APAE as visitamos para oferecer apoio, discutir, trocar experiências e tentar amenizar a falha do poder público principalmente com seus professores; porque, só para informar a todos que ainda não sabem, ao contrário do que está sendo divulgado em comerciais de TV (dizendo que professores e funcionários estão sendo preparados para receber alunos com necessidades especiais), os professores das escolas públicas daqui ainda não receberam qualquer informação ou apoio referente inclusão dos portadores de necessidades especiais – a não ser o trabalho que nós, da APAE, temos oferecido. Mas agora, para os responsáveis pelas diretrizes educacionais, a APAE já não serve mais...

Aliás, gostaria de saber se estes responsáveis e os intelectuais a que me referi anteriormente, já questionaram os alunos e os pais sobre o trabalho da APAE? Ou se já perguntaram para os alunos que freqüentam as duas escolas – regular e especial – em qual das duas eles têm aprendido melhor e mais, ou, em qual das duas são mais valorizados, estimulados, compreendidos...? Porque para nós da APAE, os alunos têm desejos, interesses, têm direito a escolhas, a expor seus sentimentos. E se a educação que oferecemos, segrega e é tão maléfica para estes educandos e sociedade, por que nossos alunos e pais sentem-se tão bem conosco (...)?

A APAE não é contra a inclusão. É contra sim a inclusão a qualquer custo e a qualquer preço. É a favor da inclusão consciente, cidadã, que respeite a diversidade, as diferenças, as necessidades especiais e que ofereça o direito de escolha de pais e alunos.

A APAE reconhece que para acontecer essa inclusão, é preciso garantir qualidade na educação. Entendemos por educação de qualidade aquela que discute e luta pelos direitos dos seus alunos; que ensina seus alunos a ler não só as palavras, mas a ler o mundo; que dá oportunidade de conhecer um mundo além daquele que já conhece; que faz com que os alunos acreditem, tenham esperança, em si e nos outros; que ajuda o aluno a crescer, como já dizia Paulo Freire, na amorosidade entre as pessoas; que potencializa as diferenças e as capacidades; que valoriza seus profissionais... O mais interessante de tudo é que antes mesmo de se falar em inclusão, a APAE já acreditava e já vivenciava tudo isso no interior e na realidade das suas escolas.

A APAE não segrega, não confina, não abandona intelectualmente seu alunos... e quem assim o diz não sabe o que está falando, ou se sabem é porque conhecem a realidade de inclusão bem sucedida de alunos em escolas particulares de ensino regular bem estruturadas e que oferecem sim uma educação de qualidade (e nós aplaudimos estas iniciativas). Gostaríamos de ver exemplos de sucesso nas escolas públicas (direito de toda criança), onde os professores tem as salas superlotadas; e mais, gostaríamos de ouvir falar ainda de propostas pedagógicas para a inclusão não só da Síndrome de Down, deficiências sensoriais, deficientes mentais leves, mas também para os paralisados cerebrais, deficientes mentais severos e outros tantos que as propagandas esquecem. O meu desabafo não é solitário, porque temos discutido sobre essa inclusão empurrada guela abaixo, sem termos a chance de participar do debate maior, que fica nas mesas redondas dos intelectuais e dos muitos educadores que sequer um dia pisaram em uma das escolas especiais da APAE – a nossa escola está sempre de portas abertas e gostaríamos muito de mostrar a nossa realidade para estes pensadores. O que nos deixa frustrados é que em nosso país a história é esquecida, a experiência não conta, a caminhada é apagada...

Mas nossos valores são heranças impregnadas de sentido em cada aluno, e não serão facilmente ignorados, porque, como diz o aluno Ronan José das Neves, no seu livro Sobre 4 rodas, quando a gente não pode usar as pernas, a gente usa a cabeça - 1º lugar no Festival Nacional Nossa Arte - 2003 (para quem não conhece, a APAE promove esse festival a nível regional, estadual e nacional, valorizando os talentos, as capacidades e o trabalho de professores e alunos das escolas especiais). Isso também não parece ser um pensamento de quem foi segregado. Mas hoje, para muitos – menos para nós professores, pais e alunos – a APAE já não serve mais...

Professora Lucinha Cainelli
Escola Especial Alegria de Viver - Apae de Camboriú (SC)

 

Texto publicado no Jornal da Pestalozzi nº 92 – junho/2005, da Associação Pestalozzi de Niterói

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