Felipe Menezes e Ana Carolina Santana
23/08/2024
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Um momento para ficar marcado de forma ímpar na história. Assim foi o evento promovido pela Federação Nacional das Apaes (Fenapaes) em homenagem à Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, cujo tema deste ano é “Nossa história: quem somos e o que fazemos”. A cerimônia aconteceu nesta quinta-feira (22), na sede da entidade, em Brasília, e teve a participação de lideranças do movimento apaeano e de diversas autoridades e representantes de organizações da sociedade civil (OSCs).
Em seu pronunciamento, o presidente da Fenapaes, prof. Jarbas Feldner de Barros, enfatizou a importância histórica da instituição e a responsabilidade da sociedade em apoiar ativamente e conhecer a causa. Para o líder do movimento apaeano, a solenidade foi um momento de grande significado, pois a entidade não somente celebra 70 anos de história, mas também renova o seu comprometimento com a dignidade e o respeito às pessoas com deficiência e suas famílias.
Na ocasião, o presidente pontuou ainda a relevância das Apaes em oferecer oportunidades às pessoas com deficiência e suas famílias. “O verdadeiro movimento está na ponta deste país, em cada cidade, em cada Apae que, todos os dias, abre as suas portas para receber esse público, dando a eles oportunidades de estarem no meio da sociedade”, declarou.
O presidente reforçou o trabalho diário das Apaes para garantir dignidade, socialização e espaço em benefício das pessoas com deficiência e suas famílias. Na avaliação do prof. Jarbas, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência visa chamar a atenção da sociedade, de despertá-la para as causas defendidas pelo movimento.
“Embora tenhamos momentos festivos, de alegria, congraçamento, nós não podemos perder a oportunidade de dizer quem somos e o que fazemos e as bandeiras que defendemos. E é muito importante para nós que a sociedade, neste momento, tome conhecimento para fortalecer ainda mais o nosso trabalho, pois muito antes de uma promoção, a campanha é de busca de respeito, oportunidades, conquista de direitos, para que todas as pessoas com deficiência e suas famílias possam viver com dignidade”, acrescentou.
O vice-presidente Léo Loureiro corroborou a fala do prof. Jarbas, reforçando a importância da representatividade e do apoio contínuo à Rede Apae.
“Falar de pessoa com deficiência é falar de respeito. Precisamos agora, mais do que nunca, olhar para o futuro com o compromisso de incluir todos, garantindo assim que a voz das pessoas com deficiência seja ouvida e respeitada”, disse Léo, salientando também a necessidade de ampliar a conscientização acerca dos direitos das pessoas com deficiência, fortalecendo a rede de apoio e inclusão em todo o país.
Protagonismo e defesa de direitos
A autodefensora da Apae Brasil, Paula Nascimento, ressaltou o orgulho e a responsabilidade de representar as pessoas com deficiência assistidas pelas Apaes.
“Estar aqui, hoje, é a realização de um sonho. Isso mostra que o lugar da pessoa com deficiência é onde ela quiser. A nossa presença aqui não é um favor, e sim um direito. Nós estamos aqui para mostrar que não precisamos de piedade, mas de oportunidades de mostrar o nosso potencial”, frisou Paula, que aproveitou para mencionar a atuação da Apae em sua vida.
O autodefensor nacional, Gustavo Silva, destacou o papel fundamental da comunidade apaeana na promoção da autonomia e da inclusão das pessoas com deficiência.
“Há 70 anos, a Apae Brasil tem contribuído para um país mais justo e inclusivo. Nós, pessoas com deficiência, não pedimos para nascer assim, no entanto, com o apoio de todos, podemos mostrar o nosso valor e a nossa capacidade”, afirmou Gustavo, chamando a atenção para a importância de lutar por um país mais equitativo.
Rede de apoio
A coordenadora nacional de Autogestão e Autodefensoria, Tâmara Soares, evidenciou o impacto pessoal que a organização teve em sua vida. De acordo com ela, “não existe Tâmara sem a Apae”. “Foi aqui que encontrei acolhimento, oportunidade e dignidade”, disse.
A coordenadora realçou também a relevância de seguir construindo um Brasil melhor, equitativo e inclusivo, onde todos sejam vistos como iguais. E aproveitou para reforçar a importância de a sociedade abraçar a causa das pessoas com deficiência.
O coordenador nacional de Defesa de Direitos e Mobilização Social, Adinilson Marins, sublinhou a trajetória do movimento apaeano. Segundo ele, são 70 anos de história, desafios, conquistas e derrotas.
“Mas ninguém chega a essa idade sozinho. Precisa de parceiros, de amigos que caminham com a gente. Hoje, temos a obrigação de honrar a quem construiu esse caminho até hoje. As coisas mais importantes para nós são: as parcerias com o poder público e a iniciativa privada. É assim que construímos a nossa história. É assim a nossa contribuição para um país melhor”, afirmou.
Já a coordenadora nacional da Família, Hosana Velani, reforçou o papel das redes de apoio e da organização comunitária na luta pelos direitos das pessoas com deficiência. “O associativismo, o fortalecimento comunitário e familiar e a conscientização social são a essência do movimento”, pontuou.
Hosana abordou ainda os desafios diários enfrentados pelas famílias, frisando a necessidade de apoio contínuo e políticas públicas que garantam a inclusão efetiva das pessoas com deficiência na sociedade. “Temos sonhos de um mundo melhor para os nossos filhos e não difere muito dos outros sonhos. Vamos sonhar juntos, não vamos esquecer disso”, acrescentou.
Homenagem
Como parte do evento, a Apae Brasil homenageou Rodrigo Marinho, o primeiro autodefensor da instituição, que partiu em julho, aos 53 anos. Rodrigo foi defensor dos direitos das pessoas com deficiência e suas famílias e um comunicador dedicado, utilizando a sua voz e o seu talento para promover a inclusão e dar visibilidade às lutas e conquistas do movimento apaeano.
Em reconhecimento pela sua contribuição, a organização batizou o espaço do departamento de Comunicação em Sala Rodrigo Marinho de Noronha. O espaço será um símbolo de sua luta, de sua voz e do legado que deixou.
Durante a cerimônia, Diva Marinho, mãe de Rodrigo, ex-presidente da Apae do Distrito Federal e primeira coordenadora da Família da Apae Brasil, agradeceu a homenagem, destacando que o filho é merecedor.
“Ele foi uma pessoa muito especial, porque aproveitou todas as oportunidades que a família deu e que todos – o movimento apaeano, o deputado Eduardo Barbosa, o McDonald's e a Apae-DF – deram. Ele atuou muito na expansão da inclusão e de políticas públicas para as pessoas com deficiência”, finalizou.